Expedição Deserto do Atacama/Chile, Salar do Uyuni/Bolívia e Mundial de Rally WRC 2016/Argentina
sábado, 7 de maio de 2016
13° Dia 02/05/2016 - Encalhados no Salar
Coincidência ou não hoje é o 13° dia da expedição!!
Acordamos por volta das 7:30 da manhã, a temperatura era de 3 graus. A noite não foi muito fria, mas ventou muito. O vento foi muito forte, difícil até para dormir com tanto barulho. A barraca chacoalhava de um lado para outro! Sorte do Vande e do Rick que dormiram dentro do carro.
Acordamos por volta das 7:30 da manhã, a temperatura era de 3 graus. A noite não foi muito fria, mas ventou muito. O vento foi muito forte, difícil até para dormir com tanto barulho. A barraca chacoalhava de um lado para outro! Sorte do Vande e do Rick que dormiram dentro do carro.
Estamos encalhados na borda do Salar, na direção de
Aguaquisa, perto da “esquina” como mais tarde descobrimos que os locais chamam.
Na noite anterior decidimos que de manhã cedo, o Vande e o
Rick sairiam em busca de ajuda, caminhando até a Isla Incahuasi, uma caminhada
de aproximadamente 24 Km.
As 8:00hs, munidos de água e alguma comida os dois saíram em
busca de socorro, tentaram sair cedo para serem poupados do sol forte, que
refletido no sal fica ainda pior.
Eu fiquei no carro arrumando as coisas para quando o socorro
chegar o carro já estar pronto para partir. Arrumei as pranchas de desatolagem,
as cintas e cabos engatados e todo o restante dentro do carro.
A espera, essa dúvida! Angustia muito. Se pelo menos eu
tivesse ido junto saberia o que estava acontecendo. Poderia ajudar, mas aqui
parado... só posso fazer esperar. Longa espera!! Mas já decidi, até as 14:00hs
vou esperar sem me preocupar, depois tomo alguma atitude, não posso deixar o
carro só.
13:00hs escutei ruídos de carro se aproximando, ao longe vi
que era uma Land Cruiser dos passeios turísticos guiados. E, dentro dele o
guia, dois casais de franceses, o Vande e o Rick. Que alívio!!
O carro em que vieram tinha guincho, pronto pensei, saímos
daqui, fácil assim. Ledo engano, o
motorista estava sem o controle do guincho.
O jeito vai ser puxar no pneu mesmo. Tentamos colocar o carro
o mais perto possível, porém tem o
problema dele ficar encalhado também. A tentativa foi em vão, as cintas não
eram compridas o suficiente.
O que fazer? O Vande teve a idéia de fazer uma ligação direta
no guincho, já que ali tínhamos muito cabo. De início o motorista não gostou
muito, estava com medo de algo estragar, ainda mais que o carro não era dele,
ele era apenas funcionário de uma empresa de passeios. Conseguimos convencer ele,
e começamos a fuçar. Mexe daqui, olha ali, procura lá e nada de fazer o guincho
pelo menos liberar o cabo. Soltamos o freio e mesmo assim o cabo não desenrolava.
Nossa solução foi pegar uma carona de volta até a Isla para
tentar outro carro com guincho. Mas dessa vez fomos eu e o Rick.
Na primeira ida o Rick e o Vande sofreram para conseguir
ajuda. Ninguém dava a mínima para o nosso problema, e os motoristas de passeio
alegavam que não tinham tempo para ir até o nosso carro. O pessoal que
trabalhava na Isla também fez pouco caso, nem cinta queriam nos emprestar. O
Rick foi obrigado a deixar o passaporte de caução pelo empréstimo de uma
cinta. O motorista que foi até nosso
carro só aceitou porque os franceses insistiram para ele ir.
Nossa empreitada seria difícil.
Voltando a Isla, falamos com todos os motoristas, mas ninguém
estava disposto a nos ajudar. Por volta das 16:00hs, após oferecer um bom
dinheiro, conseguimos convencer um motorista e seu amigo a irem nos resgatar,
mas só na manhã do dia seguinte. Pedimos ainda que nos levasse de volta ao
carro, pois não aguentaríamos mais uma caminhada.
Chegando ao carro, decidimos continuar tentando desencalhar sozinhos,
já que não tínhamos muito o que fazer, o jeito é trabalhar.
Escutamos o barulho de carro chegando, e começamos acenar.
Conseguimos chamar a atenção de um carro que passava ao longe. Ele mudou sua
direção e veio ao nosso encontro. Dois irmãos levando um casal de Irlandeses
para conhecer o Salar. Com eles aprendemos a usar o sal “La sal” ao invés de
pedras e erguer o carro pelas rodas. ( os carros de lá, que percorrem o Salar,
já tem um apoio para o macaco nas rodas).
Mais várias tentativas e nada.
Eu (Dionei) cavando
Vande e eu em uma pausa para foto
Quando o sol se pôs, decidimos parar. Jantamos e organizamos
as coisas para dormir.
Tirando um tempo para curtir o por do sol
Ai pelas 22:00hs comecei a ouvir barulho de carro. Abri o zíper
da barranca e vi uma luz crescendo no horizonte. Me bateu muito medo. Será que
é alguém que sabia que estávamos encalhados e estão vindo nos assaltar? Afinal
estamos na Bolívia, e o que lemos daqui é meio assustador.
Para nossa sorte era apenas um dos motoristas que ficaram de
vir no dia seguinte nos tirar. Para ganhar sozinho o dinheiro, um deles
resolveu sacanear outro e veio sozinho.
Ele trouxe algumas madeiras para usar como prancha e alguns
cabos de aço para nos puxar, e o seu carro também tinha guincho, com controle
dessa vez.
Foram várias tentativas, mas uma atrás da outra os cabos se
rompiam, e a pick-up nem mexia. O motorista então resolveu voltar até a Isla
para tentar arrumar mais cabos ou cintas. Ficamos aguardando até 1:20 da
madrugada, e nada. Ficamos só novamente.
12° Dia 01/05/2016 - Salar de Uyuni
Dormimos no Hostel Sajama,
em um quarto triplo, muito simples, porém com chuveiro de água fervente e boa cama.
Feira de rua em Uyuni
Acordamos e fomos direto ao
Pasti Pizza tomar um café reforçado (75 pesos) para aguentar o dia que seria
muito puxado. A idéia hoje é conhecer o salar e suas islas.
Nossa primeira para foi no
cemitério de trens. Um pátio de trens abandonados, largados ao tempo, que de
tanto tempo exposto ás intempéries, estão muito enferrujados, dando um ar
nostálgico e misterioso ao lugar.
Cemitério de Trens
Saímos do cemitério por
volta das 10:00hs em direção a Colchani, a porta de entrada ao Salar. Nosso odômetro
já esta marcando 4.711Km.
Com o termômetro marcando 10
graus, a 3600 metros de altitude, entramos no salar e já na entrada conhecemos
os Ojos del Salar (mini gêiser).
Seguimos para a Isla
Incahuasi, a qual chegamos por volta das 14:00hs. Fizemos um passeio pela Isla
e depois aproveitamos a infraestrutura do local para fazer o almoço. Nesse
local há várias mesas com bancos, todos feitos em sal, onde os turistas com
seus motoristas e vans (normalmente Land Cruiser) fazem seu almoço.
Fizemos um arroz com
linguiça, azeitonas, champignons e mais alguns quitutes que foi de dar água na
boca em nossos vizinhos!
Já eram quase 16:00hs quando
terminamos de almoçar e ajeitar as coisas.
Almoço Isla Incahuasi
Rick e Vande lavando a louça
Seguimos então em direção a
Aguaquisa. Nosso roteiro inicial era de seguir para a Isla del Pescado, mas
como achamos que ficou meio tarde seguimos direto a Aguaquisa. No trajeto
paramos algumas vezes para tirar fotos, aquelas que todo mundo faz no Salar.
Logo após as fotos, o
caminho começou a ficar sem as marcas, uma planície totalmente branca, apenas
montanhas ao longe. Tracei uma linha reta até o ponto em que o GPS nos indicava
a localidade de Aguaquisa e seguimos em frente. Logo a frente a camada de sal
começou a se quebrar e a pick-up começou a afundar, dei meia volta e mudamos a
direção, tentando localizar um trecho mais firme. Quando estávamos quase saindo
do salar, a uns 300 metros da fim do salar a pick-up começou a perder
velocidade e afundar, mas dessa vez não deu nem tempo de tentar voltar, ela
parou definitivamente. Isso já passava das 16:30hs.
Como bons trilheiros, a
principio não nos preocupamos muito, estávamos bem preparados e sabíamos o que poderíamos
fazer. Descemos do carro, analisamos a situação e começamos a retirar as
pranchas de desatolagens, pás e macaco para começar a trabalhar.
Encalhado no meio do Salar de Uyuni
Cavamos ao redor das rodas
para conseguirmos colocar as pranchas por baixo dos pneus. Quanto mais cavávamos
mais molhado ficava. Conseguimos colocar a prancha por baixo e mesmo assim a
pick-up nem se mexia. Tentamos então macaquear o carro para levantar as rodas,
calçar com pedras (que eram trazidas de uma montanha que estava a uns 300
metros do carro) e tentar descolar o diferencial do chão. Fizemos isso em todas
as rodas, mas era baixar o macaco e o solo afundava. Trabalhamos até as 22:30,
quando fomos vencidos pelo cansaço e decidimos dormir e no dia seguinte procurar
ajuda.
Abrimos as barracas, fizemos
uma janta rápida e cama, todos estavam exaustos.
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